Quem lembra dos tempos de escola, da hora do lanche?
Pois eu lembro bem das minhas, principalmente daquelas bem antigas do tempo em que eu estava lá nas séries iniciais... Tem muitos anos isso!
Mas então, sobre a minha história...tínhamos vinte minutos de intervalo para lanchar e aproveitar o recreio. Era sempre um espaço de tempo bem aproveitado porque dentro dele deveriam caber: necessidades fisiológicas, ida à biblioteca/secretaria, brincar, reler algum assunto para apresentar oralmente, comer, correr ou bater papo com as amigas e amigos. Assim sendo, caso algum dos compromissos demorasse mais tempo, prejudicava os demais. Mas comer era sempre o prioritário.
Eu costumava levar lanches nada saudáveis, como biscoitinhos salgados, recheados, refrigerantes, etc, mas nunca leite, bolos, pão. Minha alimentação se dava através de industrializados mesmo, de preferência embalados em saquinhos plásticos e garrafas de vidro.
Os tempos passaram, mas vieram os filhos. O caçula lancha o que é servido na própria escola - não é permitido levar nada, exceto em casos de intolerância alimentar ou alergia a alimentos. O mais velho não protesta contra achocolatado ou bebidas à base de soja nas caixinhas, e até aceita levar bolos e pães ainda que industrializados, mas menos piores do que os biscoitinhos fritos e embalados... Já a guria...bem, esta realmente complica a organização da lancheira diariamente. Para ela só pode ir refrigerante, biscoitos, salgadinhos de pacote, cereal em porção individual e sem leite, e por aí segue a lista...
Tenho pleno conhecimento de que não mando um lanche "saudavelmente correto", mas acabo caindo no dilema de que prefiro este preenchimento precário do que saber que minha filha ficou com fome durante a tarde. No entanto, este tipo de conduta por nossa parte, digo nossa porque minha filha pede o que gostaria de levar e eu me torno cúmplice porque propicio, gera alguns constrangimentos.
Não foi uma nem duas vezes que minha filha se viu "obrigada" a dividir suas besteirinhas, com as colegas. Ela sempre costuma oferecer, por vezes trocar e também experimentar biscoitos das amigas. Prática comum entre elas. Tranquila, quando é da vontade de todas o compartilhar. Mas torna-se um incômodo quando o processo passa do estágio de parceria para obrigação. As colegas chegam a chamá-la de egoísta, porque ela não quer dividir seus biscoitos em determinado dia. Então eu pergunto, qual seria a porção que eu deveria enviar para o lanche na escola? O suficiente para alimentar um grupo de quantas crianças?
Não me oponho ao compartilhamento, absolutamente. Meu protesto é com esta postura de algumas crianças que estão sempre desejando o lanche alheio - principalmente se ele for destes menos saudável possível. Eu bem tento fazer com que minha filha varie o cardápio, insira bolos caseiros, leite, cereais, pães entre outros, em sua merenda. Mas não sou convincente o bastante para o paladar dela aceitar...
Assim, o que explico aqui em casa é que a porção de comidinhas para o lanche é sempre o suficiente para que uma pessoa possa dar conta, durante o intervalo. Levar além implica em sobra, levar aquém deixa com fome. O que não é certo é ela ficar incomodando colegas porque o biscoito delas é mais gostoso de que o seu. Por esta razão, prefiro mandar o que ela realmente gosta a ter que submeter amigas a qualquer tipo de constrangimento.
Compartilhar espontaneamente é gostoso, saudável, prazeroso. Ser forçado a fazer uma "doação", já foge de tudo que o compartilhamento poderia gerar. Chegamos a um acordo aqui em casa: daqui pra diante, só porções limitadas e suficientes para atender às necessidades da minha filha. Prefiro uma filha "egoísta" mas alimentadinha, do que uma "generosa" com fome.
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