quinta-feira, 25 de julho de 2013

Que tal contar para as crianças que os bebês não vêm por Sedex?

Se antigamente era a "Senhora Cegonha", a encarregada de trazer os bebês para os lares das pessoas, hoje em dia como será que ela faria com este intenso tráfego aéreo? Ou ainda que fosse explicada a gestação através da história da sementinha, qual seria a resposta para a pergunta: "E como que esta semente foi parar na barriga da moça?"?

As informações brotam incessantemente a cada dia em cada grupo, em cada família, em cada cabeça. Nossas crianças convivem com realidades que falam por si só, e nós, adultos, pertencentes a este convívio ou não, em algum momento nos vemos desafiados a emitir alguma palavra sobre sexualidade. Seja através de respostas, seja através de opinião, mas chega uma hora em que o assunto vem.

A dúvida começa cedo, quando surgem as primeiras curiosidades sobre o corpo da mãe/pai. O que os torna semelhantes ou diferentes em relação aos adultos com que estão acostumados no convívio diário e então às práticas de asseio corporal, tais como banho ou higiene íntima?  

Aqui em casa meus filhos sempre tomaram banho comigo ou com o pai deles. Era uma questão de aproveitamento de espaço, carinho, e também pelo fato de que em alguns momentos não podiam ficar sozinhos pela casa enquanto estivessem com um de nós apenas, ou seja, o banho conjunto facilitava nossas vidas.

No início, ao redor de uns dois anos começaram os pequenos detalhes a falar mais alto. Havia a tentativa de tocar naquilo que parecia uma coisa estranha e diferente, mas antes mesmo que tocassem - por uma questão de privacidade e já de limite também- avisávamos: "ó você também tem o/a seu/sua!". 

E as crianças foram crescendo e compreendendo que meninos e meninas têm diferenças genitais sim. Foram sabendo de que excreções diferentes saem por orifícios diferentes e que ao mesmo tempo, homens e mulheres têm orifícios semelhantes porque homens e mulheres urinam e defecam sim!

O grande nó da questão são as falas como: "Como vou falar sobre corpo, sexo e sexualidade com meus filhos?", "Eles são pequenos demais, não está na hora de saberem sobre isso!"; " Tenho vergonha, não me sinto à vontade para falar sobre ISSO, com eles."; "Isso é assunto para adulto!", "Quando crescerem, eles aprenderão na escola!". "Quando EU era criança eu não me preocupava/falava sobre isso!". Em cada uma destas frases, há um sujeito e um verbo (pelo menos), que precisam de voz e escuta! Os tempos mudaram, temos muito acesso a diferentes fontes de informação. As crianças de hoje em dia conseguem em poucos minutos obter respostas para palavras, assuntos e dúvidas com alguns cliques... Se no tempo da gente as coisas foram diferentes, não quer dizer que tenhamos que manter a tradição e seguir com uma postura linear e rígida. Podemos flexibilizar dentro de nossas possibilidades, buscar informações e respaldo para nossas intervenções.


Pois bem, que tal começarmos a desatar estes nós e tornar o assunto sexualidade e corpo, algo cotidiano, sem vulgarizar, sem banalizar, sem  reforçar tabus?  O primeiro passo para esta conversa, é falar sobre nosso corpo:
Do livro: Vamos Falar Sobre Sexo
Uma conversa sobre corpo, tipos de corpo e sobre sentimentos e características que possuímos em comum com pessoas aparentemente diferente da gente, é importante. Deixar claro para a criança, que independente de pele, tamanho ou qualquer que seja a diferença física, as pessoas possuem fisiologias iguais - todas respiram, se alimentam, excretam, e (exceto em alguns casos) podem reproduzir.




Buscar apoio na literatura disponível, da Biologia, das publicações isentas do preconceito ou da linguagem que deturpa mais do que ensina é um recurso acessível nos dias de hoje. Falar sobre sexualidade deve sim, ser algo natural - afinal de contas faz parte de nossa vida, de nossas funções vitais! Este assunto requer esclarecimento, informação e muito carinho para com as crianças que querem saber, que perguntam ou mesmo que estranham o que vêm ou vivem. 

Conhecer o corpo é importante, é válido, é necessário! 



Conversar e aprender sobre a sexualidade é uma instrução necessária, independente da crença religiosa, das filosofias de vida, das perspectivas diversas. Porque para uma criança, saber sobre o próprio corpo pode inclusive, ajudar a protegê-la de situações como assédios e/ou abusos. Nós adultos não precisamos adentrar no detalhe das práticas sexuais, de intimidade dos casais ou mesmo de preferências, enfim. O que urge nas famílias e escolas é uma conversa franca, desprovida de qualquer conotação preconceituosa, limitada ou fantasiosa sobre o assunto Sexualidade.

Este livro, do qual eu apresentei estas imagens, trata do assunto de forma amigável. Leitura interessante até para pais e mães, educadores, realizarem uma aproximação com a abordagem para então quem sabe, obter um pouco mais de segurança.

Vergonha é sentimento desnecessário. Informar não é estar antecipando etapas,mas sim oportunizando a segurança de um aprendizado que pode sim, fazer uma grande diferença na estruturação dos conceitos e/ou afetos que nossas crianças e adolescentes estão a construir dentro de si e para o seu acesso ao mundo que lhes cerca!


Referência: HARRIS, Robie H. & EMBERLEY, Michael(ilustrações). Vamos Falar Sobre Sexo. São Paulo, Martins Fontes, 1997.
Comentários
6 Comentários

6 comentários:

  1. Anônimo01:30:00

    ADORO O ASSUNTO ! ACHO DIGNO SER SINCERO,MENTIRA NUNCA É LEGAL ! BEIJOS MATH DEL REY !

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    1. Obrigada Math!!!! É muito importante existir em casa, na escola, nos diferentes espaços, um lugar de conversa franca, verdadeira e limpa! Conta comigo sempre! bjks!

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  2. Kathleen...olha só....meu pequeno, de 7, é muito inocente. Acredita em Papai Noel, se esconde atrás das almofadas do sofá e acha que não sabemos que ele está lá, enfim, é um bebezão. Pouco tempo atrás, ele descobriu preservativos no mercado, queria saber para o que servia e pensei: CHEGOU A HORA. Uma ex-professora dele me orientou, dizendo que ele ainda é ingênuo e isto acabaria com este lado. Pq ela me disse isto? Pq ele é muito inteligente e curioso, e despertaria um lado nele ainda adormecido. Optei por contar uma historinha e ele ainda acredita que veio de um pedaço de carne! Vou contar no meu blog esta história! Beijo gd

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    1. Ursula, aqui em casa a conversa iniciou cedo. Falamos inicialmente sobre corpo, então naturalmente oassunto veio fluindo. E para completar, há dois anos atrás eu engravidei...Pronto,foi a cereja do bolo: abertura geral. Foi tranquilo e infelizmente eles percebem o quanto estão distantes do papo que rola entre os colegas e as famílias. Informação clara, dosada na medida da curiosidade é importante! Conta comigo!bjks e vou la ver o que a Pandinha escreveu!:)

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  3. Kathleen, vim conhecer o seu blog e ameeei. Não paro de ler post por post, hehehe.
    Adorei este post e acredito não ser fácil, mas necessário!

    Beijos :o))

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    1. Obrigada, Carol! Seja muito bem-vinda e a casa é tua!!! Bjks!

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