sábado, 1 de dezembro de 2012

A mãe que eu quero ser lembrada - parte I (da Trilogia)

Há alguns dias venho lendo posts de mães falando sobre a maternidade, sobre a super-força materna, sobre esta relação mãe/mulher-filhos. Voltei no tempo e quis lembrar de que pensamentos povoavam minha morada de ideias em relação ao período da gravidez (das 3!), dos primeiros momentos do pós parto... Olhei para dentro de mim, a minha volta e de certa forma para o que estará além do que posso ver por este presente...
Há dez anos atrás nasceu a mãe neste corpo de então filha, tia, irmã, amiga, esposa. Há muito tempo antes destes 2002, eu sonhava com um casal de filhos. Em minha cabeça já estava tudo bem resolvido: teria um casal de filhos, sendo a menina a mais velha e um menino um pouco menor, com alguns anos de diferença.  Não imaginava como chegariam ao mundo, pois cesárea ou parto normal eram preocupações desnecessárias para aquele momento. Em meus sonhos só havia uma certeza: queria ser mãe um dia!
O presente veio com a notícia em 2002. Ao confirmar a gravidez, saí imediatamente para fazer a compra das primeiras pecinhas e baseada em (pseudo)forte intuição e palpites, inserí em minha sacola, blusinhas e calças cor-de-rosa. Não poderia estar enganada, em meus sonhos e expectativas, era sim a minha menina que viria a ilustrar o cenário que estava se criando para aquela nova família. Mas sonhos nem sempre são relatos fiéis do que está por vir... Eis que na verificação da sexagem fetal houvera um choque: quem estava em meu ventre não era uma menina tal aquelas antigas representações imaginárias, e sim um menininho - um carinha que com certeza não seria vestido com aqueles trajes rosinha chiclete.
E então foi preciso fazer, o que em linguagem psicanalítica significa elaborar o luto. Era preciso matar uma menina para poder deixar nascer o menino. Parece pesado usar o verbo matar, mas sim, era necessário desconstruir, explodir, desestruturar todas aquelas imagens que haviam sido criadas fomentando ideias de que naquele ventre a primeira pessoa a se aconchegar seria uma pequena representante do sexo feminino.
Este processo foi exitoso, pois consegui perceber que diferentemente do que sonhara, a realidade agora se apresentava. E a partir da tomada dos fatos, curti cada minuto seguinte à descoberta da vinda de meu menino.  
Já durante a gravidez houveram acontecimentos super bacanas: uma viagem para Salvador e o show de Roger Waters no Gigantinho. Então pensando como uma mãe em defesa de seu filhote, decidi ficar em casa. Nem avião, nem aglomerados humanos. Ainda que ir à Bahia fosse uma oportunidade que tão cedo não seria novamente viabilizada, ainda que Roger Waters seguisse sendo apreciado e idolatrado apenas em dvds, nada poderia ser mais forte do que aquele instinto de leoa em proteger seu pequenino ser, de toda e qualquer possível (?) ameaça.
A hora do parto foi uma  surpresa ameaçadora, sobre o que me aguardava. Fato foi que a médica não cogitou a possibilidade de parto normal. O desespero diante da anestesia, o pânico de estar em um centro cirúrgico e o terror de não saber o desfecho da história eram realmente verdadeiros requintes da mais alta tortura. Mas felizmente tudo correu bem, mãe e filho passamos bem. Maurício nascera com uma reforçada dose de apego à mãe, ao seu cheiro, sua voz. E já demonstrava seus dotes ainda na sala de recuperação pós-parto - momento em que eu precisava inquietantemente descansar após a tensão vivenciada, o filhote não hesitava em chorar e exigir de mim, apenas meu calor. (...)





Esta foi a parte I dos pensamentos de mãe, presentes comigo durante a primeira etapa desta vida materna, aguardem os próximos capítulos! Quero contar tudo, e vou fazer aos pouquinhos!
Comentários
4 Comentários

4 comentários:

  1. Oi querida
    Que post emocionante. É incrível como a gente lembra com detalhes dos cheiros, sons e pensamentos destes momentos mágicos, ne?!
    Amei as fotos, que bebê mais lindo :)
    Quero acompanhar os proximos capitulos.
    Bjks mil

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  2. É sempre emocionante relembrar esses momentos, né? Kerstin está com 17 anos, mas cada minuto da gravidez, do parto, de tudo, está sempre vivo na memória!!! Abs.

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  3. Oi Claudia! Obrigada pela visita! Ele era um bebê muito adorável mesmo - o mais cabeludinho do trio! Acho que estas memórias a gente não esquece mesmo né? Às vezes me pego lembrando, curtindo e voltando no tempo para cada uma das gravidezes...Vem comigo que em seguidinha vou seguir as partes II e III!bjks!

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  4. Marion, obrigada e seja muito bem-vinda sempre que quiser me visitar! Eu também acredito que esta memória nossa, seguirá com a gente até quando estivermos bem velhinhas e falaremos sobre nossas gestações com o frescor do tempo em que elas eram o presente! Eu amo reviver cada instante! bjks e em breve trarei as partes II e III da trilogia!

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