Quinze no treze: Freddy não dança valsa mas late a felicidade para as nossas vidas!

 Em 08 de maio de 1998, eu nem imagino como ele nascia. Talvez uma pequena bolinha de pêlos pretos, com leves manchinhas e tufos branquinhos naquela imensa plumagem de bebê Lhasa Apso.

 Eu só fui conhecer aquele que seria o meu presente de aniversário do ano de 1998, em 05 de julho daquele ano. Ele estava quase completando dois meses. E rolou uma coisa de paixão à primeira vista. Ainda que digam que cães reagem desta forma para possíveis compradores, eu prefiro acreditar que nos amamos desde o primeiro segundo em que nos vimos.

Na época, eu morava com o meu noivo (hoje marido). Não pensávamos ainda em filhos humanos. Tínhamos outros planos como seguir nossas carreiras, faculdade  e o que fosse, mas sem filhos ainda. Decidimos então, ter um cãozinho. Mas de que raça? 

Eu em minha vida toda sempre fui apaixonada por gatos. Cheguei a ter duas que peguei da rua, mas acabou que me vi obrigada a desfazer delas. Havia uma vontade grande em mim, de ter um bichinho para cuidar e amar. Casualmente em tempos próximos, eu conheci o Astro - um belo Lhasa que uma amiga querida havia me apresentado. Eu me apaixonei pela raça mas nem eu mesma tinha me levado tão a sério sobre o assunto...

E assim, brincando com o noivo comentei que queria um cachorro de aniversário - que seria em agosto. E ele topou em me dar de presente! Saímos a procurar algum canil em Porto Alegre, que tivesse algum filhote à venda. Fomos parar no Canil Arpége (pioneiro da raça no Rio Grande do Sul).

Aquilo que inicialmente era uma ideia de olhar e conhecer cãezinhos, acabou se tornando uma compra efetiva!

Levamos para a casa um bichinho que chorou sem parar pelas primeiras noites. Tomava mingauzinho de Mucilon de arroz. Comia papinha molhada com aguinha morna. Brincava com bichos de pelúcia. Ficava esperando até que chegássemos em casa, escutando o som de alguma televisão ligada na casa (um gigantesco apartamento de cerca de 40 metros quadrados). E além disso, nosso carpete ia ganhando inúmeras marcações de território, com um cheirinho e uma rodela de xixi manchados diariamente...

Mas passados alguns meses, eu achava que ele tinha pinta de campeão. E levamos adiante esta percepção e contratamos uma agent Handler, que tratou de treinar o Freddy e prepará-lo para competir em exposições da CBKC, do Rio Grande do Sul - através do Kennel Clube de Porto Alegre.

Em poucos meses, meu filhote já andava corretamente na guia - ao lado esquerdo. Tinha o pêlo cuidado  de forma a estar sempre tratado para as pistas e havia todo um cuidado com todo o comportamento dele - para que não se estressasse, principalmente às vésperas de competir. 

Domingo de exposição era uma correria só. Enquanto era em Porto Alegre, estava tudo ótimo. E quando era pelas cidades da área metropolitana ou interior do RS, a coisa mudava completamente. Mas íamos nós três: eu, noivo e Freddy. Sempre prontos para ver o pequeno peludinho arrasar.

Ele é um Lhasa perfeito. Tem excelente estrutura no padrão da raça, tem o prognatismo ideal, altura de cernelha dentro do considerado adequado, andar com cauda ereta, enfim, tudo nele era maravilhoso. A pelagem nunca chegou a arrastar no chão, mas enquanto esteve em pistas, simplesmente arrasou...

Viajamos direto com ele não apenas tendo as exposíções como objetivo, mas também por passeio, férias e o que quer que fosse: ele sempre esteve junto!

Freddy sempre foi muito querido pela família. Todas as pessoas aceitaram a presença dele como a de mais um de nós. Fora o fato de que eu sempre levei ele para todos os lados possíveis comigo: shopping, visitas, onde quer que eu realmente fosse e pudesse estar com ele no colo...

E o danado sempre lá: feliz da vida, reconhecendo o calçamento das ruas onde costumávamos parar para fazer algumas das visitas mais frequentes. Além disso, ele sempre soube que ao puxar o freio de mão do carro, era sinônimo de chegada ao destino, portanto, descida e ver pessoas queridas.

Na trajetória de seus poucos anos de vida ele foi pai de sete menininhos. Apenas uma das coberturas foi com uma fêmea impura. As outras duas vezes que cobriu, foi com fêmeas Lhasa. Uma delas gerou apenas um filhote e a outra, três: tudo lindo e a cara dele!

A saúde dele sempre foi sensível. A pele sofre seguidas crises de dermatite, ele tem algum tipo de alergia como uma rinite. Agora que está um senhor de idade, está praticamente cego. Treme nas patas traseiras, quase não escuta mais tanto como antes e reconhece as pessoas através do olfato.

Meu cachorro veio para alegrar a minha vida. Com ele só aprendi coisas lindas e uma forma diferente de amar e ser amada. Este filho é especial porque sempre só me trouxe carinho, simpatia e uma cauda sempre serelepe me fazendo festa. Ele é um cachorro amoroso, embora muitas vezes fique na dele mesmo, ele vem faz a social e de vez em quando dá um jeito de esfregar o focinho nas minhas pernas.

Sei que um dia ele irá me deixar, que dele só terei as lembranças como companhia. Mas sei também que ele tem uma missão muito importante nesta nossa vida: trazer e levar amor. Ele preencheu cada segundo da nossa convivência com muita ternura, muita paz e muita leveza. E é assim que imagino o dia em que ele partir: com muita paz, mas nem por isso com menos saudade. Só que ele está aqui com a gente, fraquinho, velhinho, cansadinho, alegrinho ainda, vivo. E eu sigo feliz porque ele vive, nem tão a milhão como antes, esbanjando latidos e corridinhas malucas pela casa, mas conosco. Sempre pronto para receber um afago e deitar este corpinho (atualmente pelado) pertinho dos meus pés, assim, sem pedir nada em troca, só doando companhia.

E assim, em 08 de maio de 2013, meu cãozinho fez quinze anos. Bem como eu disse, não dançou uma valsa mas encheu de música meu coração, com cada olhar manso que me deu, com cada vez que pulou nas duas palmas que lhe fiz: yes!

Parabéns meu peludinho! E que os anos que temos juntos ainda sejam assim: repletos de carinho e parceria, tua e minha!

Freddy, I've got you, babe!...