quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Por que sou ativista da amamentação?

Vi que estava acontecendo um movimento de defesa da amamentação pelas redes sociais na semana de amamentação. Cheguei a postar foto no Facebook, fui convidada pela Luma Rosa para participar do evento no FB e decidi participar do movimento da Blogagem Coletiva do Desabafo de mãe.

Em minha história de vida, contato com a maternidade anterior à minha, sempre fui fascinada por gravidez e amamentação. Quando criança, minhas bonecas ganhavam meu leite imaginário e eu sequer sonhava em como de fato, se originava o processo.

Lembro muito bem que quando estava na segunda série, nos idos de 80, minha professora costumava sair em um intervalo para amamentar a filha. Ela pronunciava este verbo com tanta intensidade que realmente ficou difícil apagar a lembrança.

Eu fui amamentada até o meu sexto mês. Minha mãe afirma que o leite secara e que dentre minhas irmãs e eu, ganhei o privilégio do peito por mais tempo.

Falava-se que se a mãe amamentara, as filhas seguiriam a mesma probabilidade de vir a ter leite e/ou realizar o processo todo. Eu confesso que temia não conseguir, pois além do curto período que fui amamentada, possuía um par de seios pequenos - que julgava não serem fortes o bastante para subsidiarem o aleitamento.

Então ainda durante a primeira gestação, participei de um curso para gestantes na maternidade onde eu ganharia meu menino. Foi desde então que meu coração se encheu de expectativas e perspectivas de que poderia sim, vir a amamentar meu bebê independente de qualquer premissa.

Desde o nascimento, Maurício teve acesso ao meu peito como fonte exclusiva de amamentação. Apesar de, na segunda noite no hospital haver prescrição de complemento, eu recusei e segui forte em oferecer meu seio até que ele se saciasse ou mesmo aprendêssemos a estruturar toda a magia do processo.



O carinha mamou até 1 ano e 5 meses. Sendo que aleitamento exclusivo até o sexto mês e depois então, leite materno apenas como complemento e nosso momento mãe e filho. Ele largou porque começou a morder meu seio e machucar, assim entendi que ele não queria mais mamar e foi um desmame muito tranquilo para nós dois.

Minha segunda aventura na amamentação foi com a minha filha Manuela. Agora, eu já iniciava a trajetória muito mais confiante. Havia compreendido que era capaz denutrir um bebê com meus pequenos seios e minha imensa vontade de cumprir missão. E ela também, mamou com exclusividade até o sexto mês e seguiu com o peito até completar 1 ano e 3 meses. Assim como aconteceu com o desmame do irmão, minha filhota passou a brincar com o peito e não mais demonstrar outro sentimento além de querer brincar com o meu mamilo. Brincadeira esta que me machucava e então novamente entendi que estava concluindo outra etapa.



E finalmente em minha etapa final de amamentação, com meu terceiro bebê, a coisa fluiu com muita tranquilidade. Desde a perda da vergonha em exibir meu seio, como em curtir cada mamada em sua plenitude. Pedro Bernardo dos três, foi o que mais mamou em quantidade e tempo de sucção. Também mamou por um período quase prolongado como o irmão e a irmã, mas deu indícios de que não queria mais o peito ao completar 1 ano e 2 meses.

Assim, após contar para vocês minhas experiências com a amamentação, fica mais fácil explicar minhas razões para defender esta recíproca troca de afeto. Quando um bebê mama no peito da gente, somos capazes de sentir a magnitude de poder alimentar um ser com nosso próprio leite. Quando amamentamos, ao mesmo tempo em que exaurimos nosso corpo e clamamos por noites de sono bem dormidas, somos preenchidas por uma magia de olhar que só nossos pequeninos conseguem transmitir.

Eu seria capaz de descrever o aleitamento por linhas e linhas, mas prefiro defendê-lo através de minhas ricas experiências e de todas as informações de que fui me apropriando ao longo de meu período como nutriz. Das conversas com o pediatra das crianças, a dentista deles e mais tarde a fonoaudióloga do mais velho, pude reforçar minha posição de que até então, amamentar era um ato de amor. O que eu não sabia eram as implicações da sucção nos movimentos e articulações da fala, na imunidade adquirida e também das inúmeras propriedades do leite materno.

Entristeço quando escuto de mães que não puderam amamentar por períodos mais longos ou mesmo, manter aleitamento exclusivo até os seis meses. Acredito que amamentar é uma doação que a mulher tem que estar disposta a fazer em nome de seus filhotes. Como também considero injusto uma mãe recusar-se a fornecer o próprio leite para seu bebê.

Enfim, se por um lado meus filhos sinalizaram o momento em que estavam dispostos a largar meu peito, por outro não gostaria que eles tivessem seguido mamando por mais do que dois anos. Considero a imensa riqueza de propriedades do processo, mas percebo que também precisamos deixar nossos bebês crescerem e ganharem autoconfiança. Não sou favorável ao desmame forçado, mas também acho importante o papel da mãe no sentido de fortalecer o seu vínculo de afeto com as crianças de forma com que ao parar com a amamentação, não haja um sentimento de rejeição e abandono de ambas as partes.

Respondendo ao título, sou ativista da amamentação porque ela é por si só um universo de trocas, aprendizados e ganhos (tudo bem, às vezes há perdas no formato e pele do seio). Ainda que para muitas mulheres, amamentar seja mais cansativo do que prazeroso, é a forma mais genuína e completa de que nós mamíferos dispomos para dar uma pausa no mundo e viajarmos na ocitocina!
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Oi, Kathleen!!
    Enfim consegui chegar em seu blogue!!
    Foram 3 experiências bem sucedidas que você 'ensaiou' ainda menina para que a sua maternidade fosse integral!
    Para a amamentação dar certo, a primeira coisa que temos de ter é vontade e depois persistência para vencer os obstáculos, que vão além dos problemas físicos, mas também os emocionais - nessa fase nos sentimos sensibilizadas e muitas vezes cansada.
    Obrigada por participar da blogagem.

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  2. Obrigada, Luma, foi um prazer! bjks!!:))

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