quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Do Rio ao Rio - não importa quão Grande, se do Sul ou Sudeste, se de Janeiro, Fevereiro ou Março

O post de hoje, 24 de janeiro de 2013, é para contar uma história. Uma parte do que venho vivendo há dez anos. Tem a ver com dois Rios: Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. 
O início de tudo aconteceu em Porto Alegre, quando meu marido recebeu a notícia de que seu trabalho na empresa mudaria para o Rio de Janeiro. Na época eu estava por ganhar nosso primeiro filho. E as mudanças além do contexto gravidez e etc, estavam acontecendo em tudo a nossa volta. Nem completadas duas semanas de nosso bebê, meu marido já estava voando na ponte Porto Alegre-Rio de Janeiro toda a segunda-feira de madrugada e retornando nas sextas-feiras, para o fim de semana podermos estar juntos.

Este ritmo inquietante veio a gerar inúmeras angústias em mim, afinal de contas estava vivendo meu período pós-parto, cheia de dúvidas e carências e ainda mais isto para completar... O resultado nos primeiros tempos foi um bebê choroso e tenso, para fazer jus ao contexto sofrido que eu estava vivenciando. Só eu sei a ansiedade que me invadia ao pensar na mudança de casa, Estado, tudo...Criar meu filho longe das pessoas que sempre estiveram comigo: família, amigas, gente importante e querida... Mas enfim, não se tratava de uma escolha e sim de nossa trajetória...

Fechamos nossa página gaúcha no sentido de moradia, profissão, churrascos do final de semana, almocinho de domingo, família reunida, Brique da Redenção, passeios no Parcão, compras no Zaffari, idas a Gramado, entre tantas outras pequenas felicidades que nos satisfaziam até então...

Chegamos ao território carioca antes mesmo que nossos móveis. Aguardamos em um apart-hotel muitíssimo bem localizado - o autor Manoel Carlos referiu muito bem sempre, no Leblon. Foi o início de uma etapa agradável: enquanto o marido estava trabalhando, eu pegava o pequenino e levava para passear no Baixo Bebê. Caminhava com ele por alguns trechos da Ataulfo de Paiva e aos poucos ia entendendo que de Jardim, o de Alah não tinha nada além do nome e de uma importante referência para Leblon e Ipanema. E fui simpatizando com os trechos do bairro, com as pessoas, com os costumes, com o clima, com este cheiro de ar carioca que aos poucos invadia a minha vida.

Mudamos para a Barra da Tijuca em seguida. Fui conhecendo pessoas, fazendo amizades, sofrendo ora mais, ora menos...Aos poucos minha postura defensiva dava lugar e passagem para oportunidades de baixar a guarda e não sofrer demais pelo que não havia mais jeito.

O filhote foi crescendo, veio a filha. Os vínculos foram ficando mais fortes. Já não éramos tão estranhos e nem nos sentíamos tão fortemente vinculados ao Rio Grande do Sul como antes, e sim ao Rio de janeiro e a nossa vida nele. Fomos aprendendo a conviver com a saudade de forma a ver nela um fortalecimento e aproveitamento maior do tempo que poderíamos estar junto daqueles que nos faziam falta.

Nosso tempo passava por aqui, com a vida seguindo e crescendo. Por lá, pessoas queridas iam deixando este mundo - sem que pudéssemos dar nosso adeus, iam nascendo, iam crescendo e nós aqui: vendo o filme da vida acontecer via msn, skype ou qualquer tipo de mídia que nos facilitasse a comunicação com imagem. 

Não foi nada fácil conviver com a saudade ao longo destes anos, mas por outro lado já dizia aquele velho ditado: Se não mata, fortalece! E foi exatamente o que aconteceu. Ficamos mais fortalecidos, mais confiantes, mais prontos para esta vida que tínhamos que tentar fazer dela o melhor para nós mesmos e nossos filhotinhos. Em terras cariocas, a prole cresceu - um gaúcho, uma carioca e um carioca. Além disso, enquanto casal, concedemos um ao outro o aconchego de almas, no sentido de que um aprendeu a acolher as faltas do outro. 

Se há dez anos atrás alguém me perguntasse  se eu estava gostando do Rio, eu respondia que não muito e que estava em processo de tentativa de adaptação. Hoje em dia se me perguntam: e você gosta do Rio. Respondo que sim, aprendi a viver por aqui e quando volto para minhas origens, chego a sentir quase um ligeiro desconforto e um sentimento de que ali não pertenço mais...não da forma como antes...

O Rio de Janeiro é lindo, seja em fevereiro ou março! O Rio tem encantos mil, realmente é uma cidade maravilhosa - para quem aceita ele do jeito que ele é: especial! Tem violência, tem problemas, tem gente chata/feia/burra, tem muito mais a oferecer sim. Aprendi a valorizar a qualidade de vida que aqui é possível de se ter. Entendi que se eu não estiver em paz com a minha cabeça, posso morar onde quer que seja que não conseguirei ser feliz. Dói estar longe nos aniversários, nas festas, na vida e na morte. Mas até isso é preciso que se dê valor para poder enaltecer ainda mais as lindas oportunidades que se tem de viver nos pequenos gestos, sorrisos ou manifestos de vida aos quais temos acesso.

O Rio Grande do Sul, com a amada Porto Alegre de meus outros tempos, está lá, no mesmo lugar geográfico, no mesmo status em que o deixei: a minha espera. Quem sabe um dia eu volto, para te (re)encontrar? Minhas amigas queridas estão geograficamente por lá, mas junto comigo em meu coração para onde quer que eu vá. A família? Esta então nem preciso dizer que dela não me separo nem por decreto: não importa a localização do ponto cardeal: juntos sempre!

Eu poderia dizer que tenho pelo Rio um sentimento bipolar. Mas não, meu coração bate sereno ao exaltar a cidade, seus maravilhosos recantos  e por saber que ela tão bem me acolheu, mesmo diante da possibilidade que eu a rejeitasse com todas as minhas forças... O Rio de Janeiro é isso mesmo: porta de oportunidade, acesso de felicidade! Vem!



Comentários
10 Comentários

10 comentários:

  1. Que texto lindo e muito bem escrito, menina!!! E olha, sou suspeitérrima pra falar do Rio, Amo ser carioca, amo a cidade com todas as maravilhas e defeitos também, fazer o que?? Que bom que vc se rendeu aos nossos encantos, vc ganhou uma bela cidade pra morar e criar seus filhos e nós ganhamos uma família linda pra chamar de "nossa". Beijos!

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  2. Anônimo14:30:00

    Muito lindo!

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  3. Que lindo! A "cariúcha" com o sotaque mais gostoso que conheço! =)

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  4. Obrigada Lily! Nestes dez anos, o mais bacana foi poder conhecer gente querida, gente que preenche meu coração com alegria - ainda que virtuais, mas muito presentes, tipo tu neam?! Eu sou carioca mesmo, cada vez me convenço mais disso, rsrsrsr! Muito obrigada pela força, pela visita e pelo carinho! Mega bjksss!

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  5. Mari amada! Esta década de Rio dentre tantas experiências, me trouxe tu como amiga e profissional maravilhosa! Não te desgrudo mais! O sotaque é aquela coisa né, por aqui não rola doixxx nem elevadorrr, mas sai um forte tchê, perdido no meio do tambéimmm, rsrsrsrs! Obrigada por fazeres parte da minha vida carioca! Obrigada pela visita, obrigada pela força de sempre e por estares no meu dia-a-dia! mega bjksssssssssssssss p tu, guria!

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  6. Menina, q demais esse post...reflexão,amadurecimento....adorei conhecer a sua estória.E pelo q vi tu é carioca mexxxxxmo !!!! hehehehe


    Beijinhos

    Ana

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  7. Obrigada Ana! Esta história já tem dez anos...Foram tantas coisas bacanas vividas, tantos aprendizados e nem tudo foram flores. Mas no balanço geral, há muito mais a comemorar do que a lamuriar! Teriam vários subposts...Enfim, o que importa é que realmente adoro viver por aqui e hoje em dia estar aqui em terras cariocas preenche meu coração com muita alegria! Tu tens que vir pra ca nos ver!!!!mega bjks e muito obrigada pelo carinho, pela nova amizade e pela visita!

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  8. Anônimo19:36:00

    Amei ! O Rio com todos os seus defeito é definitivamente DIVINO ! É a cara da alegria e do badalo ! I am the face of rio ! by Math Del Rey !

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  9. Ai Math! Obrigada pela visita!Love u!!!megabjksssss!!!!

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  10. Oi, Kathleen. Dei um passeada pelo blog... e adorei este seu texto! Bjs, Etienne.

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